A nova era do Infoproduto no Brasil
- Yone Dutra
- 9 de out.
- 3 min de leitura

O mercado de cursos no Brasil pós pandemia demonstrou algo até então não era notado na cultura brasileira. A vida toda ouvimos que o Brasil é um país de oba oba, que aqui as pessoas não querem nada com nada e ninguém quer se desenvolver. A ascensão da venda de cursos e mentorias em massa, escancaram um enorme buraco na cultura brasileira (queria aprofundar isso): as pessoas querem se desenvolver e aprender, mas não encontravam nos modelos tradicionais de ensino métodos consistentes de crescimento. O mercado da venda de cursos explodiu nos anos seguidos da pandemia, e muitas pessoas ficaram milionárias com um mercado até então subestimado pela maioria dos empresários. Isso fez com que muita gente visse nesse buraco uma fonte de ouro para o enriquecimento rápido e isso gerou uma série de novos problemas para o mercado de ensino: muita gente despreparada, mas com um bom marketing e uma boa oratória vendeu muito e o mercado saturou. O mercado descobriu que a melhor forma de fazer um looping infinito de vendas era manter as pessoas com a sensação de sempre precisarem aprender mais. E isso funcionou em um primeiro momento. Até que as pessoas começaram a perceber que nem tudo que reluz é ouro. Muitas pessoas começaram a se frustar com o ensino eterno com bastante teoria, mas pouca aplicabilidade para prática e que acabavam não entregando uma transformação verdadeira. Isso impulsionou um segundo mercado que utilizava da mesma tática de conhecimento infinito: o mercado de mentorias. A ideia de aprender uma nova profissão ou um novo ramo de mercado brilhou aos olhos das pessoas porque as promessas de garantia eram sempre muito interessantes. Porém, assim como no primeiro caso, o segundo mercado também foi muito aproveitado por pessoas inexperientes, que embora tivessem resultados expressivos em suas áreas de atuação, não sabiam reproduzir o mesmo efeito para outras pessoas e em ramos diferentes. Sem um modelo claro e efetivo, muitas pessoas ingressaram em mentorias que não foram criadas para acabar e sem uma metodologia de ensino prática, acabaram por levar o mercado ao descrédito. A entrega do mentor era absurda o investimento altíssimo, mas o resultado para o mentoreado era praticamente nulo, gerando uma enorme frustração, sentimento de incapacidade e muito descrédito ao mercado. O problema da metodologia consistia em pegarem os “hotseats” e transformarem em aulas infinitas e praticamente impossível de serem replicadas, forçando os mentoreados a entrar no mesmo looping de antes, mas com pouca aplicação prática. Não condizendo com o alto investimento e com o prazo curso de retorno prometido nos pitchs de venda, a entrega do mentoreado era absurda, Assim como todo mercado, a saturação força uma reinvenção do mercado: os preços de cursos estão caindo, desinflando a bolha que havia sido formada. Agora, assim como no mercado tradicional, está voltando a modalidade de ensino no qual o professor “corrige” o exercício, coisa que antes ficava puramente subjetiva. Segundo dados da Hotmart e do Sebrae, o mercado de infoprodutos no Brasil cresceu mais de 400% entre 2020 e 2022, atingindo um faturamento estimado de R$ 20 bilhões. Porém, o mercado de cursos digitais no Brasil passou por uma retração acentuada entre 2023 e 2025. Segundo os dados da Hotmart no Relatório 2025, o crescimento anual de 120% em 2021, caiu para 18% em 2024, revelando a maturidade do setor. Já o Google Trends mostra que buscas por “curso online” caíram 41% em dois anos, enquanto termos como “mentoria personalizada” e “consultoria individual” cresceram +87% no mesmo período. Essa virada confirma a transição do consumo em massa para o acompanhamento individualizado e consultivo. Além disso, levantamentos da Eduk e RD Station (2024) mostram que conteúdos com acompanhamento personalizado têm 3x mais taxa de retenção do que cursos autoguiados, reforçando a tese do novo modelo de mentoria consultiva. O mercado de mentorias tenderá a passar por uma nova modalidade: na qual o mentor fica mais próximo do mentoreado, atendendo whats app e dúvidas pessoais que antes eram simplesmente ignoradas. O mentor passa a atuar como um consultor, o que deveria ter acontecido desde o começo. O novo modelo de aprendizado não é mais sobre ensinar tudo a todos, mas sobre guiar cada um em seu próprio processo de evolução. Esse modelo se baseia em três pilares: curadoria inteligente (foco em conteúdo essencial e prático), acompanhamento ativo (feedback individual e proximidade) e aplicabilidade imediata (aprendizado baseado em projetos reais). Essa tríade devolve ao aluno a sensação de progresso real e reduz a dependência emocional do “curso eterno” - prevendo crescimento real e fidelização por afinidade. O verdadeiro diferencial não será mais o bom pitch, mas o progresso real do aluno - medido nos pequenos cursos. Essa virada cultural — do palco ao bastidor — é o que vai separar os vendedores de promessa dos engenheiros de transformação. Texto acurado por IA




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